Violência e convivência nas Escolas: Como Transformar Conflitos em Convivência Saudável
A violência escolar é um tema delicado, mas essencial de ser discutido. O livro Conversando sobre Violência e Convivência nas Escolas, coordenado por Miriam Abramovay, traz uma visão profunda sobre o que está acontecendo dentro das instituições de ensino no Brasil — e, mais importante, sobre como podemos mudar essa realidade.
O Retrato da Escola Brasileira
A pesquisa ouviu mais de 600 pessoas, entre professores, estudantes, familiares e funcionários de escolas de cinco capitais brasileiras. O objetivo foi entender o que realmente acontece no dia a dia escolar: conflitos, regras, preconceitos e a relação entre família e escola.
O resultado mostra que a escola é um espaço de encontros e desencontros. É ali que amizades surgem, mas também onde ocorrem apelidos ofensivos, bullying e, em casos mais graves, violência física. Apesar disso, muitos estudantes afirmam que gostam de estar na escola e se sentem mais seguros dentro dela do que nas ruas — um dado que reforça o papel central da educação como espaço de proteção.

Tipos de Violência Mais Comuns
Segundo o livro, as agressões verbais são as mais frequentes. Xingamentos, apelidos relacionados à cor da pele, à aparência ou à condição social são comuns e, muitas vezes, minimizados como “brincadeiras”. No entanto, esses episódios podem evoluir para violência física e criar um clima de tensão que afeta o aprendizado.
Outro ponto importante é a influência do território. Problemas da comunidade — como brigas de gangues ou conflitos familiares — acabam atravessando os muros da escola e gerando ameaças, brigas e até a presença de armas, aumentando o medo de todos os envolvidos.
Inclusão e Respeito às Diferenças
Apesar dos desafios, a pesquisa revela experiências positivas. Há relatos de escolas que desenvolvem projetos para promover a diversidade cultural, combater preconceitos e incluir alunos com deficiência. Nessas iniciativas, o clima escolar muda: os alunos colaboram, protegem uns aos outros e aprendem a conviver com as diferenças.
Caminhos para a Mudança
O livro propõe soluções práticas para transformar a realidade das escolas. Entre as principais recomendações estão:
- Construção coletiva das regras: Quando professores, estudantes e famílias participam da definição das normas, elas passam a fazer sentido e são mais respeitadas.
- Educação em Direitos Humanos: Ensinar desde cedo sobre respeito, diversidade e cidadania ajuda a romper o ciclo da violência.
- Formação de professores: Capacitar os docentes para lidar com conflitos e promover um ambiente mais acolhedor e democrático.
- Apoio às vítimas e diálogo com agressores: É essencial acolher quem sofre violência, sem expô-lo, e trabalhar com os agressores para que entendam o impacto de suas ações.
O que cada um pode fazer — do aluno ao gestor
Mesmo antes de políticas avançadas entrarem em vigor, há atitudes simples e cotidianas que fazem diferença:
- Professores ou funcionários podem sempre reservar momentos para escuta ativa: perguntar “como você está?”, “o que te preocupa?”, “como posso ajudar?”
- Alunos podem ser estimulados a denunciar ou conversar quando veem algo errado, sem medo de retaliação, sabendo que têm apoio.
- Famílias podem envolver-se mais: saber o que se passa na escola, participar de reuniões, ouvir seus filhos e dialogar com eles sobre respeito e convivência.
- Gestores: criar canais seguros de comunicação, investir em formação, promover ações participativas, celebrar convivência bem sucedida — premiar com reconhecimento os comportamentos colaborativos, destacar modelos positivos.
Conclusão
Violência escolar não é um problema isolado. Os dados mostram que a situação é grave: crescimento expressivo de casos, impactos emocionais, físicos e educacionais. Mas há caminhos claros de mudança — práticas restaurativas, participação, políticas de promoção de convivência pacífica, gestão democrática, iniciativas culturais.
Fonte: Conversando sobre violência e convivência nas escolas // Miriam Abramovay et al. Rio
de Janeiro: FLACSO – Brasil, OEI, MEC, 2012.
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