Trabalhar como Agente de Organização Escolar (AOE) em uma escola é uma experiência desafiadora. Ao contrário do que muitos imaginam, a nossa função vai além das tarefas administrativas ( funções do AOE) Um dos papéis mais importantes que assumimos é o de zelar pela segurança e bem-estar das crianças e adolescentes, especialmente nos momentos de entrada, saída e recreio.
Com o tempo, percebi que essas são ocasiões em que os alunos estão mais vulneráveis. A agitação, a pressa e até mesmo conflitos podem surgir nesses períodos. Meu trabalho exige paciência, observação constante e, acima de tudo, uma postura firme, mas acolhedora. Gostaria de compartilhar um pouco sobre esses desafios e como procuro lidar com cada situação.
O Desafio do AOE na Entrada de Alunos em uma Escola Pública: Começando o Dia com Organização
A entrada dos alunos é um momento que exige muita atenção. As crianças chegam de ônibus, com os pais ou sozinhas, e cada uma traz sua própria energia para dentro do ambiente escolar. Enquanto algumas chegam tranquilas, outras vêm agitadas, e é nossa responsabilidade garantir que esse fluxo aconteça de forma segura e organizada.
O primeiro desafio aqui é o controle do portão. Manter a ordem e evitar aglomerações exige uma comunicação clara e direta. Em dias de chuva, por exemplo, é comum que todos queiram entrar ao mesmo tempo. Nessas horas, aprendi que um simples “bom dia” e um pedido gentil, mas firme, como “vamos devagar, pessoal, tem espaço para todos”, pode evitar tumultos.
Outro ponto importante é o olhar atento. É fundamental observar sinais de cansaço ou desânimo nas crianças. Já presenciei alunos que chegaram à escola tristes ou nervosos, e essa percepção rápida me permitiu encaminhá-los à Direção.
O Recreio: Cuidado e Atenção Constante do AOE
Se tem um momento que exige olhos atentos de todos nós, é o recreio. Para as crianças, é o momento de liberdade e diversão, mas para nós é um período de vigilância intensa. As brincadeiras podem rapidamente se transformar em pequenas confusões, e o risco de acidentes é sempre uma preocupação.
Lembro-me de uma situação em que um grupo de alunos começou a correr pelo pátio em uma brincadeira aparentemente inofensiva. Percebi que um deles poderia tropeçar e cair no chão. Ao intervir com calma, pedindo que prestassem mais atenção e sugerindo outra brincadeira, evitei um acidente que parecia inevitável.
Ser Agente de Organização Escolar( AOE) nesses momentos não é apenas sobre vigiar, mas também participar do ambiente. Estar presente, conversar com os alunos, sugerir brincadeiras e, acima de tudo, escutar. O recreio é um momento em que eles compartilham histórias, dúvidas e até desabafos. Aprendi que essa proximidade cria uma relação de confiança e facilita a prevenção de problemas.
Outro ponto importante é mediar conflitos. Nem sempre as crianças conseguem resolver sozinhas uma discussão sobre quem está certo ou errado durante um jogo. Minha abordagem é sempre ouvir ambos os lados com calma, sem tomar partido de imediato. O simples ato de mostrar que estamos ali para ajudar muitas vezes resolve o conflito.
A Saída de alunos em Escolas Públicas
Se a entrada exige atenção, a saída exige ainda mais. A agitação pelo fim das aulas, o reencontro com os pais ou o transporte escolar gera um fluxo intenso de crianças correndo para todos os lados.
Minha principal preocupação nesse momento é garantir que ninguém fique para trás. Já aconteceu de alunos distraídos não perceberem que o ônibus estava partindo. Por isso, desenvolvi o hábito de fazer uma rápida conferência, verificando se todos os alunos estão se encaminhando para os locais corretos.
A saída também é um momento de prestar atenção em quem está retirando os alunos. Qualquer pessoa diferente precisa ser identificada. Em algumas ocasiões, precisei pedir que responsáveis desconhecidos aguardassem na secretaria enquanto a escola confirmava a autorização para retirada do aluno. Essa postura, mesmo que pareça rígida, é essencial para garantir a segurança de todos.

Como um AOE Deve se Portar Diante Desses Desafios?
Acredito que o segredo para lidar com esses desafios diários é o equilíbrio entre firmeza e acolhimento. A escola é um ambiente de aprendizado e desenvolvimento, e nós, agentes, fazemos parte desse processo. Nossa presença deve transmitir segurança e confiança tanto para os alunos quanto para os pais e toda a equipe escolar.
Postura e Comunicação
Manter a calma é fundamental. Mesmo nas situações mais tensas, percebi que a forma como falo e me posiciono faz toda a diferença. O tom de voz precisa ser firme, mas não agressivo. Quando preciso intervir, faço isso de maneira respeitosa, explicando aos alunos o motivo de determinada regra.
Empatia e Paciência
Nem sempre os alunos compreendem de imediato as regras da escola. Alguns vêm de realidades diferentes e podem apresentar dificuldades em respeitar limites. Nesses casos, a paciência e a empatia são as melhores ferramentas. Já presenciei alunos que, ao serem tratados com respeito e compreensão, passaram a colaborar muito mais.
Observação e Proatividade
O olhar atento é indispensável. Observar pequenos gestos, expressões e comportamentos ajuda a antecipar problemas antes que eles aconteçam. Ser proativo, tomar iniciativas e não esperar que alguém peça ajuda é parte essencial do trabalho.
A Importância do Trabalho em Equipe
Eu não conseguiria lidar com esses desafios sozinho. O apoio da Coordenação, Direção dos professores e de outros agentes de organização escolar ( AOE) é fundamental. Em muitos casos, a troca de informações entre nós permite um cuidado mais completo e eficiente com os alunos.
Ter uma comunicação aberta com a Direção da Escola sobre comportamentos observados no recreio ou na entrada e saída contribui para um ambiente escolar mais harmonioso. Essa colaboração reflete diretamente na segurança e bem-estar de todos.
Conclusão: O Agente de Organização Escolar ( AOE) exerce Um Papel Fundamental na Escola
Ser Agente de Organização Escolar ( AOE) vai além das funções administrativas. Somos peças fundamentais na rotina e segurança da escola. Cada sorriso, cada olhar atento e cada intervenção feita com cuidado ajuda a construir um ambiente onde os alunos podem crescer e aprender com tranquilidade.
Os desafios existem, mas a satisfação de saber que contribuímos diretamente para o bem-estar das crianças e adolescentes faz tudo valer a pena. Afinal, a escola é como uma segunda casa para muitos deles, e é nosso papel garantir que esse seja um espaço seguro, acolhedor e inspirador.
Autor: Mateus Rodrigues Felix, Agente de Organização Escolar com mais 15 anos de experiência
[…] mesmo trabalhando como AOE já vivi momentos em que me senti sobrecarregado. Não é fácil equilibrar as expectativas de […]